I - História

1.1 – As tribos e o Aldeamento

A região que compreende os municípios de Porto Real do Colégio e São Brás era habitada pelas tribos dos índios Aconãs, Caropotós e Cariris. Eles moravam em cabanas de palha e se reuniam em forma de aldeia, vivendo da caça, pesca e lavoura. Gostavam de festas e nelas utilizavam os seguintes instrumentos: maracá, corneta e flauta.

A tribo Aconã vivia no distrito de Lagoa Comprida, os Carapotós nas proximidades de uma serra, talvez a da Maraba e os Cariris no morro denominado Alto do Bode, de acordo com Nhenety.

É provável que, por volta de 1575, os padres jesuítas Gaspar Lourenço e João Salônio; acompanhados de bandeirantes estiveram de passagem por essa região, construíram uma capela rústica numa densa floresta sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição.

Com o tempo, os inacianos submeterem os silvícolas e os aldearam. Para oficializar a existência da aldeia, como recomendava as instruções de Catequese e Civilização da Companhia de Jesus, eles obtiveram no século XVII a concessão de terras para a fundação de um aldeamento de índios. A data de sua formação é de 04 de maio de 1661. A concessão de terras consistia em duas léguas com uma de fundo, às margens do São Francisco, numa distância de sete léguas acima de Penedo. Nesse aldeamento, eles reuniram os índios Carapotós, Cariris e Aconãs.

A formação desse aldeamento e a maneira de os jesuítas iniciarem os nativos na fé e costumes europeus consistiam no seguinte: os padres jesuítas reuniam os índios para iniciá-los na fé cristã e nos costumes europeus, inclusive o regime de trabalho. Aquele aldeamento obedecia a um traçado semelhante ao da taba indígena, com habitações em volta de um vasto espaço, destinado às atividades comunitárias. Mas havia uma importante inovação: a igreja.

1.2 - A Residência Urubumirim e o Colégio

Era típico das missões jesuíticas nas aldeias terem colégios e residências. Foi o que aconteceu na aldeia de Colégio. Os inacianos edificaram uma residência e um colégio.

Esse colégio era anexo à Residência Urubumirim. Nele eram ministradas aulas de latim e estudos primários. Além disso, ensinava-se a confecção de objetos de couro, artesanal e a fabricação de cerâmicas, tais como: tijolos, etc. Depois os padres introduziram as técnicas de agricultura, especialmente a de arroz e o ofício de carpinteiro. Este ofício era ensinado pelo irmão coadjutor João Batista. Havia, também, serviços de enfermagem e as boticas para a fabricação dos remédios extraídos das plantas conhecidas pelos indígenas.

A Residência centralizava todas as decisões da missão jesuítica estabelecida naquela região. Ela era administrada por um padre superior e um auxiliar. Estes cargos eram os de maior responsabilidade temporal e espiritual. O padre Nicolau Botelho foi um desses superiores. Ela não era somente posto de civilização econômico-pecuário, mas centro de evangelização e catequese dos índios na fé cristã, hábitos e costumes europeus.

1.3 - A prisão dos jesuítas e a criação da freguesia

Em 1760 é criada a Freguesia de Porto Real do Colégio. Depois de 35 anos, em 1795,o Marquês de Pombal decretou extintas as aldeias sob a administração dos jesuítas. Os padres Nicolau Botelho e João Batista foram presos. Em seguida foram conduzidos por uma escolta de cavalaria até Olinda, Recife. De lá foram para Portugal. As fazendas e os sítios foram postas em leilão. A Residência Urubumirim e o colégio foram abandonados e, por ter ficado mais de um século sem o mínimo cuidado, arruinou-se sem deixar vestígios. Neste mesmo ano, a freguesia se torna Distrito com a denominação de Porto Real do Colégio.

1.4 - Visita de Pedro II

No dia 16 de outubro de 1859, o imperador saiu da cidade de Propriá, em Sergipe, e se dirigiu a aldeia de Porto Real do Colégio. Chegando lá, foi recepcionado pelas autoridades local e pelos índios Cariris. Segundo o imperador, os índios eram de raça já bastante cruzada. Eles traziam cocares de penas, arcos e flechas. Um deles, a pedido de D. Pedro II, atirou em um morão largo e a pouca distância duas flechas. Segundo Nhenety, o índio que atirara a flecha fora o pajé Manoel Baltazar; quando este tinha 65 anos.

Após 17 anos da visita do imperador, o Distrito de Porto Real do Colégio se torna vila no dia 17 de julho de 1876; tornando-se independente de penedo.

Quanto a origem do nome, ver apêndice.